Uma garota buscando seu rumo, seu destino. Uma família que tenta entrar nos eixos. Uma história com início, mas o fim... ainda buscamos.

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Capítulo 6 - Imprevisto

Logo o trem iria parar. Nós estávamos nervosos, todos muito tensos. Eu sentia algumas lágrimas querendo escapar, mas segurei. Eu preciso ser forte, preciso ajudá-los.
Lembro-me do que mamãe dizia. “Não chore por bobagens, tenha atitude de mulher, segure sua tristeza. O mundo não precisa de mais pessoas fracas, seja forte o suficiente, você consegue.”
Ela sempre me ensinou tantas lições, sempre me compreendeu, mas eu estava sozinha agora, este era o mundo para o qual ela me preparou. Era a hora de pôr em prática tudo o que ela havia me dito.
O apito soou, e o trem foi parando aos poucos. Era o fim de nossa viagem. O início do completo desconhecido. De agora em diante eu iria descobrir se realmente aprendi tudo que mamãe ensinou.
Descemos do trem, pegamos nossas malas e fomos até a saída da estação. Agora, só tínhamos um endereço, e um nome.
“18th Crocker Street, 5882. Des Moines, Iowa.Tia Abigail Madison”
Nós não sabíamos nem por onde começar a procurar.
“Acho melhor pegarmos um táxi. Nós temos um endereço, o motorista pode nos levar até o local correto.” – Como sempre, Chris sabia o que fazer.
Estávamos indo até um carro, quando um homem gritou o nome de Chris. Nós olhamos para trás, e ele veio em nossa direção. Não fazíamos a mínima ideia de que poderia ser aquele sujeito. Estava longe demais, mas mesmo assim nada nele me era familiar.
“Quem é esse sujeito?” – disse Chris num tom apreensivo, quase que com pânico na voz.
O medo me tomou. Será que papai teria coragem de mandar alguém atrás de Chris, pelo que ele fez naquela noite. Eu não sabia o que pensar, minhas pernas estavam tremulas. Alice contornou seus braços em minha cintura, Chris se colocou um pouco mais a nossa frente, num impulso de proteção, mas eu sentia seu medo. Qualquer coisa podia acontecer.

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Capítulo 5 - Primeira Parada

Descemos do trem, Ames não era tão grande - se fôssemos comparar a Des Moines, mas para nós, que nunca havíamos saído de Dows, aquilo parecia um universo inteiro.
Havia muitas lojas, com todo tipo de coisa que se pudesse imaginar. Eu me senti um pouco zonza com tantas pessoas passando, como em um formigueiro de humanos.
Chris veja! São lindos!” – gritou Alice correndo de encontro a uma loja de vestidos.
Realmente, eram incríveis! Mais do que eu um dia poderia ter sonhado.
Chris estava tenso. O mundo ao redor dele era tão diferente, tão imenso e desconhecido. Era como se houvesse perigo em cada olhar. Vi que ele estava com uma sensação de ser necessário nos proteger de tudo. E eu me sentia completamente abandonada.
“Vamos garotas! Já caminhamos o suficiente. Logo o trem irá partir, é só uma parada rápida.”
Chris, não se preocupe- murmurei, pra que Alice não nos escutasse. Deixe que ela se distraia um pouco.”
Ele assentiu, e ela continuou maravilhada com tantas lojas e tanta diversidade.
Quando enfim voltamos ao trem, Alice havia comprado uma blusa linda, azul claro. Disse que daria de presente a mamãe assim que a víssemos de novo, pois era cor preferida dela.
Chris me fitou com tristeza, eu entendi o que ele queria me dizer, e também senti o mesmo.
Dali em diante, durante a viagem, Alice era a mais animada. Parecia que ela havia esquecido que não estávamos de férias. Mas eu não queria lembrá-la.
O que me preocupava agora era como íamos encontrar nossa tia, e como ela iria nos receber. Mamãe havia mandado uma carta pra ela, mas ela não respondeu. Será que era um bom sinal? Não sei.
Só iríamos saber ao chegar.

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Capítulo 4 - Ansiedade

Eu olhava pela janela, a paisagem era bonita. A essas alturas o sol estava brilhando forte.
Alice estava dormindo, Chris olhava pra ela como se sentisse dor, como se pudesse ver o pesadelo em sua mente.
De nós três, ela com certeza era a mais afetada. Ela ainda tinha esperanças de viver em uma família feliz como as outras que ela via na televisão.
Eu entendo Alice, me lembro do tempo em que eu pensava assim, mas depois de dezessete anos vendo as mesmas cenas se repetirem quase que diariamente, eu nem consigo imaginar nossa rotina de outra forma.
O silêncio entre nós era ensurdecedor, era como se eles pudessem ouvir cada palavra em meus pensamentos. Eu decidi que era hora de acabar com isso.
“Chris, você acha que quando voltarmos, a mamãe... vai estar bem?... Eu me refiro á...”
A dor de imaginar o que eu sabia que ia acontecer era terrível. Era como se eu estivesse levando o tiro que papai não havia dado naquela noite em mamãe – mas que com certeza arranjaria um jeito.
Senti que ele não conseguia digerir minha frase inacabada, e quando ele enfim resolveu falar alguma coisa, um fiscal entrou em nossa cabine pedindo as passagens. Foi o fim daquele assunto.
Já passavam das nove, mas eu ainda não estava com fome. Mesmo assim, eu saí pra comprar algo. Talvez Alice quisesse comer algo ao acordar.
Olhei para aquela vitrine, cheia de porcarias que todo adolescente adora. Lembrei das vezes que saíamos com a mamãe, só nós quatro. Coisas cotidianas, como ir ao supermercado, eram tão divertidas. Mas tudo acabava quando papai aparecia.
Quando voltei, Alice já estava acordada. Realmente eu estava certa, ela disse que estava com muita fome. Chris comeu um pouco junto com ela, só pra lhe fazer companhia na refeição. Eu não conseguia nem pensar em comer, havia algo se revirando em meu estômago. Provavelmente era o medo.
Nós saímos de nossa casa em Dows no estado de Iowa, e iríamos para Des Moines, a capital. Mas faríamos uma parada rápida em Ames.
“Eu acho que já estamos chegando em Ames garotas. Logo vamos parar. Mudem essas caras de sono.”
Disse Chris sorrindo. Ele sempre nos alegrava, mas eu via em seus olhos a mesma angustia e tristeza que eu estava sentindo.
Alice foi até o banheiro lavar o rosto, eu fiquei ali sentada, olhando pela janela. Faltava pouco agora, logo estaríamos em um lugar desconhecido, em um mundo completamente novo. Meus pressentimentos não eram bons.

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Capítulo 3 - Um pouco de passado

Nós nunca passamos fome, nunca fomos pobres, mas também não tínhamos tantos bens, digamos que a nossa era uma família de classe média.
Até alguns instantes atrás, morávamos todos juntos em nossa casa. Alice, minha irmã mais nova e talvez por isso a mais frágil, sempre tentando nos proteger quando na verdade ela é que precisava de proteção. Chris, meu irmão mais velho, que sempre exerceu o papel de pai para nós, o braço direito e esquerdo da mamãe. Mamãe, a nossa heroína superprotetora -com razão, pois haviam muitos motivos pra que ela nos protegesse. Papai, que na maior parte do tempo estava bêbado demais pra fazer parte de algum momento importante. E finalmente, eu, Samantha, a filha do meio, quem segurava as pontas, quem estava no meio de todas as brigas, muitas vezes o motivo delas. Mas sobre mim eu posso refletir depois.
Em termos éramos uma família comum. O nosso maior problema eram as crises do papai. Ele se descontrolava, gastava tudo em jogos e bebidas nas casas noturnas, dormia com várias mulheres, voltava pra casa mais fora de si do que nunca, batia na mamãe, mas ela nunca deixou que ele nos tocasse, ela suportava tudo aquilo por nós, os filhos que ela tanto amava, por quem ela lutava pra que tivessem mais chances do que ela, pra que tivessem escolha. Realmente, escolhemos o melhor para nós, mas me preocupava o que aconteceria com ela.

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Capítulo 2 - Os motivos

Sentamos os três juntos, não havia como disfarçar a tensão, os pensamentos em nossa mente eram os mesmos, mas nenhuma palavra foi dita.
Eu ficava remoendo meu passado, tentando buscar algo bom do qual me recordar, mas não havia nada ali.
Eu nasci e fui criada naquela pequena cidade, meus pais sempre discutiram desde que eu me lembro, mas aquele dia foi o pior.
Papai tinha bebido demais, de novo, e a sua amante estava esperando no carro. Quando ele entrou na nossa casa, tive a certeza de que aquele poderia ser o fim.
Ele falava alto, usava palavras duras, mas mamãe já estava acostumada. Ele queria dinheiro, muito dinheiro. Ficou muito enfurecido quando não conseguiu, tirou a arma do cinto, ele ia matá-la. Alice se jogou na frente de mamãe, decidida a protegê-la. Chris desceu as escadas correndo, e se lançou em cima de nosso pai, como se ele fosse seu pior inimigo.
Naquele momento, Chris estava pronto para descontar toda a raiva, todo o ódio que ele sentia daquele homem. E foi o que ele fez. Não havia mais nada a perder.
A moça ruiva que estava no carro chamou a polícia, e logo estavam á nossa porta. Como já sabiam de tudo, nem precisamos explicar o porquê de tantos machucados no rosto de papai e nem motivo pelo qual havia uma arma jogada no chão ao lado dele.
Levaram-no para o hospital, e nós três subimos para fazer as malas. Já não suportávamos mais aquela vida, era impossível continuar ali, precisávamos ir, neste momento, não havia mais tempo para pensar.
Infelizmente mamãe não quis vir conosco. Ela não conseguia imaginar sua vida de outra forma a não ser naquela cidadezinha, morando na mesma casa, e convivendo ao lado daquele crápula, o qual ela pensava ter a obrigação de cuidar e proteger até o fim da vida de um dos dois.
Nós já estávamos preparando essa “viajem” há algum tempo. Havia uma tia, irmã de mamãe, que morava em uma cidade grande. Nós íamos procurá-la, a vida talvez fosse melhor ao lado dela.

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Aos leitores

Up companheiros...
Aqui está o blog Diário de Bordo. Como dito na primeira postagem, temos apenas um início, mas não sabemos onde podemos chegar. E queremos a ajuda de vocês.
Sugestões, reclamações, comentários, opiniões, ajuda, tudo é válido.

Queremos as ideias de vocês no blog!

Mandem suas sugestões de roteiro para o e-mail producaodiariodebordo@hotmail.com
Vocês terão seus devidos créditos!

O estilo da postagem deve ser:
Título
Texto
Nome do autor

E então pessoal, topam nos ajudar? \õ/

Um up á todos.

Capítulo 1 - O embarque

Era uma manhã cinzenta, e a cidade hoje me parecia mais pequena do que nunca, perto do mundo que eu estava prestes a descobrir. A certeza de que meu destino não estava ali, neste momento, era mais forte do que antes. Tínhamos que partir, era nosso destino.
As bagagens já estavam no trem, o apito já soava, algumas lágrimas já brotavam dos olhos dela.
Aquele rosto tão familiar, aquelas lágrimas que eu vi por tantos anos em seu rosto, hoje choravam por mim, mesmo sabendo que aquela era a única saída.
"Adeus mãe, eu volto logo!"
Ela sabia que não era verdade.
Chris pegou minha mão, como se quisesse me lembrar o porquê de tudo. Alice já não estava mais em si, já não tinha mais emoções, simplesmente estava ali. Embarcamos juntos, aquele adeus era pra sempre, eu sabia disso, todos sabiam. E foi o que restou.

Saudações

Olá companheiros... Faço aqui, aos que tiverem coragem, um convite para embarcar em uma viajem diferente, de encontro com as verdades e incertezas.
Uma viajem sem roteiro, onde temos um ponto de partida, mas não há ideia de onde se pode chegar.
A bordo do navio da vida, convido a enfrentar conosco os desprazeres do dia-a-dia, e a alegria dos momentos bons!
Àqueles que se arriscarem, eu desejo boas vindas! Aos que preferirem não subir á bordo, eu os alerto... Não vão correr nenhum risco, mas perderão toda a diversão.
Um up á todos vocês.