Uma garota buscando seu rumo, seu destino. Uma família que tenta entrar nos eixos. Uma história com início, mas o fim... ainda buscamos.

terça-feira, 20 de março de 2012

Capítulo 26 - Outro ângulo dos Fatos

Karen, eu não sei o que fazer...” – Minha frase ficou inacabada, porque o choro que eu tanto segurei finalmente me venceu. Karen me entenderia, eu sei disso.
Depois de um chá, e mais alguns abraços em meio á lágrimas, eu já estava bem mais forte. Contei á ela tudo que havia acontecido nesses últimos dias, e por vezes ela me pedia que repetisse alguns fatos, por não acreditar em tanta loucura, como ela mesma denominou essa história.
Karen, eu sei que isso tudo parece impossível. Mas eu precisava contar a alguém, desabafar! Obrigada por me ouvir amiga, não sabe o quanto senti sua falta...”
Ela me olhou nos olhos, com aquele olhar que me mostrava tudo que ela sentia. Percebi que ela estava com medo de tudo aquilo, mas havia algo mais... Parecia uma determinação. Fiquei esperando para ouvir o que ela ia me dizer.
“Eu também Sam, senti muito a sua falta. Mas não pense que depois de ouvir tudo isso vou me calar e cruzar os braços. O que você precisa agora é largar essas coisas e esfriar a cabeça! Fique aqui em casa o tempo que quiser. Eu vou te ajudar a encontrar Caroline!”
Nada, absolutamente nada supera um bom amigo. Essa certeza eu sempre tive a respeito de Karen. Nos tornamos amigas de um forma bastante incomum, mas eu posso dizer que daria minha vida por ela.

Parte II

Karen

Hoje, quando cheguei em casa do trabalho, sentia um mal estar terrível. Um cansaço anormal, que com certeza se devia a falta que a Sam estava fazendo. Subi lentamente até o quarto, e com papai e mamãe viajando, isso quase me parecia uma cena de terror. Ri de mim mesma, como se filmes desse tipo pudessem me assustar. Já vi tantos horrores reais que... Acho que não tenho medo de mais nada.
Tomei um banho e me deitei, ainda pensando na Sam. Com tantas coisas acontecendo na vida dela, eu não pude nem me despedir na estação, papai disse que era perigoso. Ele nem imagina que eu correria qualquer risco por ela, se fosse preciso! É, acho que ele na verdade nem se importaria com isso. Não sei por que, mas fiquei relembrando nossa infância.
Lembro que ainda criança eu zombava muito de Sam, por causa de seu pai. Influência de mamãe é claro. Ela odiava toda a família de Sam, e ainda odeia por sinal. Vi o pai dela bêbado em plena tarde de sábado, e passei a segunda-feira inteira zombando e jogando piadas para atingi-la. Ela ficou tão irritada, em dado momento, que me deu o maior soco que já levei em toda minha vida. Se não fossem meus colegas, com certeza ela não teria parado até me arrancar um dente.
Depois disso passamos horas na sala da direção da escola, e ali conversamos muito. Quem diria que desse episódio nasceria uma grande amizade.