Uma garota buscando seu rumo, seu destino. Uma família que tenta entrar nos eixos. Uma história com início, mas o fim... ainda buscamos.

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Capítulo 25 - Amizade

Fiquei imaginando quem seria aquela mulher, por que ela sabia meu nome, e qual era o problema em estar na minha cidade! Pensei tanto que não pude responder, e das milhões de coisas na minha cabeça, nenhuma palavra saiu da minha boca. Fiquei olhando pra ela com cara de assustada.
“Desculpe ser rude assim, mas você deveria estar bem longe! Na casa de algum parente, amigo, não importa. É perigoso aqui pra você! E não pense que seu pai vai deixar barato o que aconteceu. Ele ainda não está livre, mas fala o tempo todo em você e seu irmão. Quer encontrá-los de qualquer jeito!”
Quanto mais ela falava, mais dúvidas eu tinha. Essa mulher sabia muito de mim, mas por que eu não me lembrava dela?! Meu Deus...
“Quem é você? E por que me fala essas coisas! De onde me conhece... E como sabe de papai?!”
Ela suspirou calmamente, como se estivesse voltando á realidade. Imaginei que ela responderia ás minhas perguntas dizendo que fosse talvez uma amiga de mamãe, ou algo parecido.
“Eu sou Anne Mondone. Conheço sua família há muito tempo, mas você não deve lembrar-se de mim porque nesses últimos anos eu estava... Afastada!” – Ela agora usava um tom cordial, diferente do início da nossa conversa. Tinha uma expressão menos rude, parecia quase outra pessoa.
“Sam, eu sei de mais coisas do que você pode imaginar. Pode ter certeza que seu pai, por mais que pareça mentira, não teve nada a ver com o que aconteceu ontem á noite na sua casa!”
Eu á olhei completamente pasma. Segurei o ar, como se não fosse seguro respirar.
“Quem levou sua mãe tem contas á acertar com seu pai. Eu tenho muitas coisas pra lhe explicar, mas agora eu tenho que ir. Sam vá rápido para um lugar seguro, eu te encontro quando houver um bom momento!”
Ela saiu andando rápido. Demorei um pouco pra reagir, depois de tudo que ela falou. Aquilo não fazia nenhum sentido pra mim! Levantei assim que pude e corri até a porta, mas já não via pra onde ela foi.
Voltei para meu banco, terminei minha oração e pedi que eu tivesse forças e sabedoria suficiente pra chegar até o fim desse pesadelo. Agora eu precisava ir á casa de Karen, falar com ela e desabafar. Talvez ela não possa me ajudar, mas com certeza vai me ouvir, e isso é o bastante.
Karen foi minha única amiga em toda a minha vida. Ela sabe de tudo que eu passei desde criança, e vivenciou muitos momentos comigo. Na noite em que fui para a casa de Tia Mad, a única pessoa que me preocupava em deixar para trás, além de mamãe, era ela!
Fui andando, segurando o choro. Mais uma vez tentando esconder aquela menina fraca que insiste em aparecer quando eu preciso ser forte. Cheguei à frente da casa de Karen, e parei. Quase não tinha coragem pra bater. Ela me viu pela janela e saiu correndo, me abraçou forte. O melhor abraço.
“Sam, que bom te ver!”

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Capítulo 24 - Pista

“Samantha, precisamos saber se ele ainda está no hospital! Logo chegarão os policiais daqui, e junto com eles vou observar melhor o lugar e ver o que mais posso encontrar. Enquanto isso, porque você não vai para a casa de alguma amiga, e se desliga um pouco disso tudo?”
Apesar de imaginar a ligação de meu pai com isso tudo, ver com meus próprios olhos as provas, ainda me deixou um pouco abalada. É aquela velha esperança que a gente sempre guarda de que tudo pode ser só fantasia da nossa cabeça.
“Nick, eu não quero sair daqui, não quero descansar...”.
“Eu entendo Sam, mas você vai nos ajudar bem mais se afastando um pouco e nos deixando trabalhar! Com certeza mais tarde vamos chama-la e você ficará a par de tudo. Eu prometo!”
Seus olhos me fitavam com ar suplicante, como se quisesse me manter longe de tudo e de todos, para me proteger. Ele falava com voz firme, em tom alto, mas mesmo assim eu sentia uma grande ternura em cada palavra. Suas mãos seguravam firmes em meus braços, e me assustou ver aquela atitude. Mas eu o abracei, respirei fundo, e me senti feliz por ter alguém pra me segurar no meio daquilo tudo.
Não sei dizer o que Nick sentiu, mas ele retribuiu o abraço em mesma intensidade. Foram os meus únicos segundos de calma, depois de dias inteiros de angústia. Quando nos afastamos, eu já me sentia melhor, as coisas já não pareciam mais tão horríveis.
Comecei a pensar em algum lugar pra ficar, por algumas horas que fossem. Eu nunca fui muito popular, então mesmo Dows sendo uma cidade tão pequena, ainda assim eu tinha contato somente com uma pessoa: Karen.
“Ok Nick, então eu vou! Mas me prometa que vai me avisar de tudo. Não quero perder nenhuma chance de encontrar mamãe, não importa onde ela esteja ou o que possa ter acontecido, você me entende?!”
Ele sabia o que eu queria dizer, e compreendeu. Balançou a cabeça em sinal positivo, com expressão indecifrável. Eu não sabia dizer se ele estava com medo, confiante... Eu não conseguia compreender, e nem imaginar o que estava se passando em sua cabeça naquele momento. Isso me deixava angustiada. Mesmo assim dei as costas, e fui andando. Havia um policial na porta, era um dos que nos ajudaram na noite em que esse pesadelo começou.
“Olá Sam! Onde você está indo?” – Perguntou com ar de compaixão.
“Vou ficar na casa de Karen por algum tempo, Nick pediu que eu me afastasse... Vocês precisam trabalhar!”
“Ele está certo querida! Acalme-se, tudo ficará bem. Vamos encontrar sua mãe!”
Aquele policial me olhava como se visse uma criança assustada, e talvez era isso mesmo que eu estava sendo neste momento.
Não respondi nada á ele, só continuei andando. A casa de Karen não era longe dali, só algumas ruas. Fiquei pensando um pouco no que fazer agora. Eu precisava saber o que fazer quaisquer que fossem as notícias de Nick. Não me agradava nada não ficar por perto, acompanhando tudo que estava acontecendo, mas eu também só atrapalharia ficando lá.
O que mais eu podia fazer... Talvez rezar! Nunca fui muito religiosa, mas enfim. Dizem que Deus está sempre conosco, então... É com ele que vou falar. Mudei meu rumo e segui em direção á igreja, talvez lá as coisas ficassem melhores dentro de mim.
Logo que cheguei, vi que havia somente uma pessoa. Uma mulher de cabelos longos, ruivos. Ela estava sentada onde mamãe costumava ficar. Lembrei que ela sempre me dizia pra rezar, porque se um dia ela não estivesse ali pra cuidar de mim, Deus ia me proteger.
Será que esse Deus tem as respostas que eu preciso agora. Sentei no último banco, baixei a cabeça e me concentrei em algumas orações que mamãe insistiu pra que eu decorasse, e agora até faziam sentido. Quando dei por mim, a mulher ruiva estava parada de pé ao meu lado! “Samantha! Porque você está aqui na cidade?”