Uma garota buscando seu rumo, seu destino. Uma família que tenta entrar nos eixos. Uma história com início, mas o fim... ainda buscamos.

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Capítulo 4 - Ansiedade

Eu olhava pela janela, a paisagem era bonita. A essas alturas o sol estava brilhando forte.
Alice estava dormindo, Chris olhava pra ela como se sentisse dor, como se pudesse ver o pesadelo em sua mente.
De nós três, ela com certeza era a mais afetada. Ela ainda tinha esperanças de viver em uma família feliz como as outras que ela via na televisão.
Eu entendo Alice, me lembro do tempo em que eu pensava assim, mas depois de dezessete anos vendo as mesmas cenas se repetirem quase que diariamente, eu nem consigo imaginar nossa rotina de outra forma.
O silêncio entre nós era ensurdecedor, era como se eles pudessem ouvir cada palavra em meus pensamentos. Eu decidi que era hora de acabar com isso.
“Chris, você acha que quando voltarmos, a mamãe... vai estar bem?... Eu me refiro á...”
A dor de imaginar o que eu sabia que ia acontecer era terrível. Era como se eu estivesse levando o tiro que papai não havia dado naquela noite em mamãe – mas que com certeza arranjaria um jeito.
Senti que ele não conseguia digerir minha frase inacabada, e quando ele enfim resolveu falar alguma coisa, um fiscal entrou em nossa cabine pedindo as passagens. Foi o fim daquele assunto.
Já passavam das nove, mas eu ainda não estava com fome. Mesmo assim, eu saí pra comprar algo. Talvez Alice quisesse comer algo ao acordar.
Olhei para aquela vitrine, cheia de porcarias que todo adolescente adora. Lembrei das vezes que saíamos com a mamãe, só nós quatro. Coisas cotidianas, como ir ao supermercado, eram tão divertidas. Mas tudo acabava quando papai aparecia.
Quando voltei, Alice já estava acordada. Realmente eu estava certa, ela disse que estava com muita fome. Chris comeu um pouco junto com ela, só pra lhe fazer companhia na refeição. Eu não conseguia nem pensar em comer, havia algo se revirando em meu estômago. Provavelmente era o medo.
Nós saímos de nossa casa em Dows no estado de Iowa, e iríamos para Des Moines, a capital. Mas faríamos uma parada rápida em Ames.
“Eu acho que já estamos chegando em Ames garotas. Logo vamos parar. Mudem essas caras de sono.”
Disse Chris sorrindo. Ele sempre nos alegrava, mas eu via em seus olhos a mesma angustia e tristeza que eu estava sentindo.
Alice foi até o banheiro lavar o rosto, eu fiquei ali sentada, olhando pela janela. Faltava pouco agora, logo estaríamos em um lugar desconhecido, em um mundo completamente novo. Meus pressentimentos não eram bons.

3 comentários:

  1. Agora temos uma posição geográfica das coisas. Uma história americana. Parece um bom formato, muito moderno. Ainda não achei a época, seria um mistério intencional?

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  2. Sim! A época em que se passa a história ficará a cargo da imaginação dos leitores... Ao menos por enquanto.

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  3. Será mesmo? Acho que já descobri!! kkkk E o telefone??

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