Uma garota buscando seu rumo, seu destino. Uma família que tenta entrar nos eixos. Uma história com início, mas o fim... ainda buscamos.

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Capítulo 11 - De volta ao Passado

Eu me levantei da cama lentamente, me sentia sonolenta. Ouvi algumas vozes e pareciam vir da sala. Quanto tempo será que eu dormi. Desci as escadas, e uma das vozes me pareceu conhecida, sim era ela! Mamãe estava ali na sala, sentada no sofá. Todos riam e falavam alto.
“Mamãe, você veio! Chris como você a trouxe? Nós não iríamos juntos?”
Neste momento um homem entrou pela porta da cozinha. Todos ficaram calados olhando para mamãe. Eu saí correndo ao encontro dela. O homem puxou uma arma da cintura e atirou.
Eu queria gritar, mas não conseguia. Minha voz simplesmente não saía. Todos olhavam mamãe caída, mas ninguém fazia nada. O que estava acontecendo?!
Ouvi alguém me chamando, acordei assustada. Senti meu rosto molhado, eu estava chorando. Chris estava ao meu lado, segurando minha mão.
Samantha, você está bem? Relaxe, você estava sonhando.” Chris tentava me acalmar.
Chris...eu vi mamãe, ela estava aqui. Mas alguém atirou e...”, eu estava em pânico. Não tinha me convencido de que aquilo era um sonho, parecia real.
Chris me abraçou, e eu chorei em seu ombro. Alguns instantes depois eu já estava bem.
“Você estava se mexendo muito, e chorando. Eu tentei te acordar se assustar, mas... Enfim, agora você está bem. Precisa levantar, nós vamos sair logo. Venha Samantha!” Chris pegou minha mão, me ajudou a levantar. Ele me deu um abraço forte, eu já estava mais calma.
Apesar de não ter dormido direito, ainda assim eu me sentia um pouco mais descansada. Já não estava tão tensa, mas nossa viagem me preocupava.
Tio Ben nos levaria á estação daqui a pouco. Logo estaríamos no trem de novo. Eu peguei minha bolsa e desci as escadas.
A noite estava bastante escura, a lua não aparecia no céu. Chris estava sentado no sofá, com uma pequena mochila ao seu lado. Ele fitava a janela sem ver, estava tão longe que nem me viu chegar. Me aproximei devagar, para não assustá-lo.
“No que está pensando?”
Ele me olhou, e sorriu levemente.
“Daqui a pouco mamãe vai estar aqui, e tudo isso vai acabar. Não vejo a hora de esquecer todo esse passado!”
Era o mesmo que eu queria, mas eu não estava tão confiante quanto ele.

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Capítulo 10 - Falta de Forças

Peguei uma foto que sempre levava na carteira, e desci para mostrar á Tia Mad e Alice. Me pareceu que elas nem mesmo desconfiaram.
Conversamos um pouco na cozinha, Alice e eu contamos á Tia Mad tudo que havia acontecido nesses últimos meses que não nos falamos. Relembramos a noite anterior. Isso fez com que Alice caísse na real, o que a deixou muito abalada. Tia Mad preparou-lhe um chá, e ela foi descansar.
Nós ficamos mais um tempo na cozinha, e assim que ficamos sozinhas, Tia Mad alertou-me:
“Não gosto nada dessa história de você e Chris voltarem a Dows, mas infelizmente não posso nem devo impedi-los.”, dizia ela num tom extremamente preocupado.
Eu percebia a angústia em seu olhar, mas no fundo, ela também queria isso. Sua irmã estava realmente precisando dela, e naquele instante, ela nada podia fazer á não ser deixar que fôssemos ajuda-la.
“Escute Samantha, preste atenção em tudo! Não saia de perto de Chris. Sinto muito medo de que algo possa acontecer com vocês!”
Eu não disse á ela, mas eu sentia a mesma coisa.
“Tia Mad, não se preocupe. Amanhã estaremos de volta, e se tudo der certo traremos mamãe. Então sim, teremos uma felicidade completa. Vamos reconstruir nossas vidas. Alice vai ter a família que sempre quis!”
Eu subi até meu quarto, peguei minha bolsa e coloquei apenas algumas peças de roupa, deixei tudo preparado. Fui até o banheiro, liguei o chuveiro, e deixei a água correr. Minhas lágrimas se confundiam com a água que caía sobre mim. Fiquei ali por alguns instantes.
Ao menos neste momento eu não tinha que ser forte, eu não precisava ser o porto seguro de ninguém. Por alguns minutos, eu poderia surtar, mostrar a fragilidade que eu tanto busquei esconder.
Quando finalmente saí do banho, me sentindo um pouco mais calma, senti que realmente precisava dormir. Eu já não suportava meu peso. Deitei, e fiquei pensando em mamãe. O que ela estaria fazendo agora. Logo fiquei inconsciente, no mundo dos sonhos seria mais fácil esquecer os problemas.

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Capítulo 9 - A insegurança

Tia Mad saiu do quarto ainda pedindo pra que eu ficasse calma, e esquecesse esse assunto por enquanto, pois ela resolveria tudo. Claro, fácil falar. Mas como eu poderia esquecer? Me parecia muito estranho tudo isso.
Depois que ela fechou a porta, eu ouvi seus passos descendo as escadas, e então fui correndo para o quarto onde Chris estava. Contei á ele o que tinha acabado de constatar, e pela expressão em seu rosto, ele pensou o mesmo que eu. Disse que assim que tivesse a chance, voltaria para Dows, para ver como mamãe estava, e trazê-la pra cá, mesmo contra a vontade dela.
Eu disse que queria ir com ele, mas então ele lembrou-me de Alice. Eu consenti, e aceitei ficar.
Ele iria logo, pois nem desfez as malas. Não sei o que Tia Mad, e Tio Ben iam pensar disso. Mas com certeza não iriam impedir.
Descemos para a cozinha, vinha um cheiro ótimo de lá. Desde que saímos de Dows eu não havia comido nada, e já passavam das 13:00hs. Eu estava com muita fome e Tia Mad havia nos preparado um almoço incrível.
Depois de almoçarmos, Alice e eu ajudamos com louça, enquanto Chris e Tio Ben foram conversar na sala. Eu tentava prestar atenção ao que eles falavam, mantinham umas caras sérias, procurei um pretexto para ir até lá. Disse á elas que ia buscar umas fotos para vermos.
Passei pela sala, e eles se calaram, Chris me lançou um olhar, e assentiu com a cabeça. Aquele gesto respondeu todas as minhas dúvidas.
Entrei em meu quarto, e comecei a revirar minhas coisas atrás de alguma foto, qualquer que fosse só para mostrar a Tia Mad. Logo Chris chegou, e começou a falar num tom muito baixo, que eu quase não pude entender:
“Arrume uma muda de roupas, e venha comigo. Vamos sair hoje á noite, e voltamos pela manhã! Tio Ben também está preocupado.”
Ótimo, agora sim eu estava bem pior. Mas ao menos veria mamãe. Essa viagem promete! O que será que aconteceu com as cartas de Tia Mad? E como será que papai está? Sabe aqueles pressentimentos...

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Capítulo 8 - Medo

Havia um quarto para cada um de nós, tudo preparado para nossa chegada. As roupas de cama estavam impecáveis, os quartos muito arrumados. Eu não sabia que tia Mad estava esperando nossa visita com tanta ansiedade. Assim que coloquei minha mala em cima da cama ela entrou no quarto.
Samantha, querida. Posso falar com você um instante?” ela disse com um tom calmo e acolhedor. Um leve sorriso em seus lábios. Me lembrava muito mamãe, quando queria me fazer sentir bem.
“Claro Tia Mad! O que houve?”
“Sei que não vai ser fácil essa mudança de ambiente, percebi também que Alice talvez não tenha compreendido muito bem o que está acontecendo.”
“O que eu gostaria de lhe dizer, é que vocês podem ficar aqui todo tempo que for preciso minha querida. Sei que você e Chris estavam ajudando Caroline com as contas. Ela me contou na carta que vocês estavam sempre preocupados com isso. Tente não pensar mais nessas coisas, eu já mandei algum dinheiro á ela, e tenho certeza de que logo vamos convencê-la a vir morar aqui conosco!”
Parece que ela sabia exatamente o que eu precisava ouvir. Tudo que havia acabado de dizer me libertou de um peso imenso. Eu estava preocupada com mamãe, não fazia ideia de como ela ia se virar, agora que eu e Chris não estávamos lá!
Tínhamos um emprego numa lanchonete. Chris trabalhava na cozinha, e eu ajudava a servir as mesas. Sabe... eu gostava daquele lugar. Os donos nos consideravam quase que da família. Sabiam de nossos problemas – assim como todo o resto da cidade. Mas mesmo assim, nos acolhiam e prestavam ajuda sempre que precisávamos.
“Obrigada Tia Mad, nem sei o que dizer, confesso que ficamos com medo, não sabíamos se você havia recebido a carta, porque não tivemos resposta...”
“Como assim Samantha? Eu sempre respondi á todas as cartas de sua mãe. Ela me avisou que vocês viriam, eu respondi á ela dizendo que não havia nenhum problema, que vocês poderiam ficar aqui todo o tempo necessário!”
Ela disse aquilo tão rápido e com tanto espanto que eu quase não compreendi. Senti no seu tom de voz agonia e medo.
“Mas Tia Mad, nós não recebemos nenhuma resposta sua, com certeza mamãe teria nos avisado!” eu estava apavorada, passavam muitas coisas na minha cabeça, eu não sabia o que pensar! Mas nada do que eu imaginei era bom. Ela logo percebeu que eu havia ficado horrorizada com a possibilidade de papai...
“Calma querida, talvez a carta tenha chegado só agora, você sabe como é demorado ás vezes!” sua voz novamente tinha um tom suave, mas eu sabia que aquilo era só pra me acalmar, nem mesmo ela acreditava no que estava dizendo.
Eu sabia que a alegria estava grande de mais. Não que eu seja uma pessoa pessimista, mas a minha realidade me ensinou a ver as coisas de uma forma cuidadosa.
Eu precisava descobrir se mamãe realmente havia recebido a carta. E se não, precisava saber o que aconteceu.

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Capítulo 7 - A chegada

O homem parou de frente para Chris, muito próximo. Eu percebia em seus olhos um misto de espanto e euforia, como se conhecesse Chris há muito tempo. Eu vi que estava certa.
Chris, meu Deus! Como você cresceu rapaz. Andou comendo fermento? Tenho certeza de que não faz ideia de que eu seja não é?!” disse ele com muita empolgação na voz.
“Há algo de familiar em você, mas eu não consigo me lembrar” Chris respondeu um pouco menos tenso, como se a lembrança do homem fosse boa.
“Sou seu tio, Ben! Ah, mas é claro que você não se lembra, da última vez que nos vimos ainda nem conseguia caminhar! E veja agora como está enorme!”
Os olhos de Chris brilharam de satisfação. Eu me lembrava de mamãe falando sobre Tio Ben, Chris com certeza também lembrava.
Os dois se abraçaram, em meio a gargalhadas. Aquilo foi como tirar o mundo das costas de Chris. Agora ele se sentia confiante. Tudo havia dado certo.
Tio Ben nos levou até a casa deles. Alice e eu conhecíamos somente Tia Abigail Madison, a qual nós chamávamos de Mad. Quando ela nos visitava em Dows, sempre nos contava que o Tio Ben não podia vir, por causa de seu trabalho. Ele era chefe dos bombeiros de Des Moines, poderia ser chamado a qualquer momento. Viajar dificilmente estava em seus planos.
Nós nunca havíamos visitado a casa de Tia Mad, mas era exatamente igual á que ela nos mostrava nas fotos. Uma casa azul claro, com enormes janelas brancas. Eu imaginava que aquela casa devia ser muito aconchegante, mas quando entrei, vi que era muito mais. Era como se fosse um abrigo seguro, um lugar aonde eu poderia me proteger, não só das coisas que me dão medo por fora, mas de tudo que me atormenta em pensamentos.
Era quase que como entrar no céu.
Uau, que casa gigante!” Alice, tanto quanto eu e Chris, estava deslumbrada com o tamanho e a beleza da casa.
“Oh garotas, que saudades. Chris, você não vai parar de crescer?!” Tia Mad entrou na sala, trazendo mais alegria ao ambiente. Deu-nos um abraço forte, numa recepção calorosa. Disse que logo o almoço estaria pronto, e pediu ao Tio Ben que nos acomodasse em nossos quartos.
Era incrível como tudo parecia bem naquela casa. Tão diferente de Dows, onde o clima sempre era tenso, e eram raros os momentos de descontração. Talvez eu ainda estivesse estranhando tantas mudanças, mas meus pressentimentos ainda não eram bons. Sentia como se algo fosse acontecer a qualquer momento. Mas talvez fosse só o medo de ter tanta alegria.