Uma garota buscando seu rumo, seu destino. Uma família que tenta entrar nos eixos. Uma história com início, mas o fim... ainda buscamos.

domingo, 27 de novembro de 2011

Capítulo 23 - Um passo

As coisas reviradas, tudo fora do lugar. Gavetas pelo chão, vasos quebrados, como se um vendaval tivesse passado por ali. Corri até o andar de cima, gritava por ela... Mas não houve resposta. Nada lá em cima estava fora do lugar, a única coisa que faltava era mamãe!
Senti um arrepio, uma dor rasgando meu peito... Toda minha corrida havia sido em vão.
Eu não tinha coragem para dar mais nenhum passo, como se todo meu cansaço recaísse sobre minhas costas naquele único instante que parecia eterno.
Senti Nick passando rapidamente por mim, e percebi que ele vasculhava tudo procurando por algo. Ouvi que ele falava com alguém, mas eu não estava totalmente presente ali. Era quase que como se eu pudesse observar fora de mim, algumas cenas antigas, como em um filme.
Eu a via. Seu lindo rosto, sempre tão calmo e sereno, por vezes inchado de tanto chorar... Mas sempre nos dando seu sorriso. Eu revivi cada conselho, cada abraço... Sentia as lágrimas que começavam a rolar, me sentia fraca. Desejei desesperadamente tê-la comigo agora pra me acalmar. Desabei chorando, e quando senti Nick se aproximar para me abraçar, calei.
Essa não era a hora de ser fraca, esse não era o momento de parar. Se ela não estava aqui, é porque eu ainda tinha alguma chance de encontrá-la. E jurei a mim mesma que faria isso á qualquer custo, pelos meus irmãos... Por todas as brigas que causei, e por tudo que ela fez por mim, pelo segredo que ela suportou todos esses anos.
“Nick, não é hora de sentimentalismo. Como um bom investigador me diga: O que fazemos agora?”
Ele me olhou espantado, podia sentir uma mudança repentina, uma força que aparecia em meus olhos, que acendia como se fosse uma chama queimando, sendo alimentada por meu desejo.
Ele havia percebido que a dimensão daquele caso estava se alargando, e mesmo percebendo o perigo, entendeu que não seria capaz de me afastar daquilo.
“Ouça Sam, com a experiência que tenho posso dizer com certeza que você precisa se acalmar e pôr a cabeça no lugar primeiro...”
“Nick, - Eu o interrompi. – eu me sinto calma. Quero que me diga o que fazer agora. Não me trate como criança, você sabe que eu não sou. Diga, qual o primeiro passo. Não quero perder tempo, ok!”
Sam suspirou, seus ombros relaxaram. Ele fechou os olhos por alguns segundos, tentando “engolir” minhas palavras tão frias, e que para ele pareceram surpreendentes. Olhou em volta, e parou seus olhos em mim.
“Bem, o primeiro a fazer é vasculhar o local. Procurar pistas, qualquer indício de quem esteve aqui. Mas temos que tentar modificar o mínimo de coisas possíveis! Tente observar sem mexer em nada!”
Apesar de sentir ainda aquele buraco e aquela sensação de derrota, eu tentei me concentrar. Pensei em como as coisas estariam antes, como de costume.
A cama e o restante do quarto estavam em perfeita ordem. Impecável, como sempre, mamãe mantinha tudo organizado. Então imaginei que nada tivesse ocorrido por ali, já que o maior sinal da passagem de alguém estava na sala.
Nick falava no telefone, imagino que com algum policial pelo tipo de vocabulário que usava. Confesso que não entendi quase nada!
Andei com calma em direção ás escadas, com olhar atento em tudo ao meu redor. Desci os degraus ainda observando, vi algo branco... Um lenço mal dobrado no chão!
“Nick, eu encontrei algo! O que faço?”
Nick veio até o meu lado, pegou seu celular e tirou uma foto. Depois pegou o lenço, sem perceber nada de anormal, me perguntou se eu via algo.
Eu observei, e vi as inicias K.S., e logo soube dizer á quem pertencia aquilo.
Kevin Sailer, meu pai.”

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