Uma garota buscando seu rumo, seu destino. Uma família que tenta entrar nos eixos. Uma história com início, mas o fim... ainda buscamos.

sexta-feira, 11 de março de 2011

Capítulo 18 - Desabafo

Eu já estava impaciente, eram 01h20min e Nick ainda estava parado lá. Esperei tanto tempo, nem sabia mais o que inventar para fazer. De repente ouvi ruídos vindos do rádio da viatura, Nick foi até lá e falou alguma coisa, voltou, deu uma última olhada para a janela, como se buscasse alguém. Entrou no carro e saiu. Essa era minha chance!
Desci as escadas ás pressas, e passei correndo pela porta dos fundos. Corri o mais rápido que pude em direção á estação, eu já conhecia o caminho, não era muito longe. Alguns instantes depois eu já estava cansada, então parei de correr, observei atentamente para me certificar de que ninguém tivesse me visto. Continuei andando, agora já estava perto da estação, eu compraria as passagens e pegaria o primeiro trem até Ames, logo estaria com mamãe, e essas dúvidas iriam acabar. Cheguei á estação, bastante vazia como era de se esperar. Não pude deixar de lembrar da cena horrível da noite anterior, tentei afastar esse pensamento. Subi no trem já com as passagens e me sentei sozinha. Minha mochila era pequena então coloquei-a no colo, comecei a pensar no que eu estava fazendo, o que será Tia Mad ia pensar, será que ela ia encontrar o bilhete colado em minha porta. E Alice, como iria se sentir sem nenhum de nós dois por perto, nós que sempre a protegemos, agora largamos ela sozinha em meio á esta tempestade de acontecimentos. Eu já estava quase perdida em meus pensamentos quando percebi que alguém sentou ao meu lado. Era Nick.
“Eu tinha certeza de que você queria fugir, só não conseguia imaginar o porquê! Mas teremos bastante tempo até chegar em Ames não é?!” Ele disse num tom divertido, nem parecia irritado pela minha fuga, mas sim, parecia bastante curioso. Eu não sabia o que pensar, acho que fiquei pálida.
Demorei um pouco para pensar no que dizer, e ele esperou pacientemente sem dizer uma palavra, parecia que ouvia meus pensamentos, era como se ele entendesse a minha confusão e soubesse que eu precisava de um tempo pra reorganizar as ideias. Resolvi então que ele deveria saber exatamente a verdade. O trem começou a andar, e eu então comecei a contar á ele tudo, desde o início. Contei o porquê de nossa saída de Ames, e também lhe falei sobre as cartas que nunca chegaram. Disse á ele que conhecia um dos homens daquela noite, ele ficou bastante espantado, e demonstrou ter tirado as mesmas conclusões que eu á respeito do envolvimento de papai nessa confusão. Contei á ele um pouco da minha infância e dos meus irmãos, pra que ele entendesse o quanto nossa família havia tentado se reerguer, infelizmente sem sucesso. Acabei contando sobre mim, meus sonhos, minhas frustrações tanto com a família quanto com os garotos. Não sei como ele conseguiu que eu falasse tudo aquilo, sem nem se esforçar. As palavras e as histórias iam saindo de minha boca como se eu visse nele um confidente, eu sentia como se pudesse ter certeza de que deveria confiar nele. Talvez eu estivesse mesmo precisando de alguém pra conversar, e Nick estava sendo um excelente ouvinte.

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