Uma garota buscando seu rumo, seu destino. Uma família que tenta entrar nos eixos. Uma história com início, mas o fim... ainda buscamos.

sexta-feira, 11 de março de 2011

Capítulo 15 - Lembranças

O policial saiu dizendo que viria novamente pela tarde, para novas perguntas. Já estava quase amanhecendo, eu não dormia direito a bastante tempo, e já estava sentindo isso. Tia Mad e eu tomamos uma xícara de chá, eu fui até meu quarto, e simplesmente desabei na cama. Apaguei na mesma hora, um sono profundo e sem sonhos.
Acordei me sentindo bem, bastante descansada. Tive de parar um pouco, e pensar se tudo aquilo realmente havia acontecido. Olhei no relógio e percebi que já passavam das duas da tarde, lembrei-me do policial que viria.
Tomei um banho rápido, e fui até a cozinha, Tia Mad estava dormindo ainda, e Alice estava sentada no sofá vendo televisão. A notícia do incidente passava em todos os canais. Percebi que ela não estava ouvindo nada, estava longe, creio que, mesmo sem saber de todos os fatos, Alice sentia que papai poderia estar metido nisso. Comecei a preparar um café, e lembrei de mim mesma, á dois anos atrás, quando tinha a idade atual de Alice. Meus sonhos eram diferentes, as esperanças também. Tudo que eu mais queria era ver papai e mamãe bem, como uma família feliz. Lembro-me da minha primeira briga na escola por causa de papai. Uma menina o havia visto bêbado pelas ruas em plena tarde de sábado, e quando chegou á escola, na segunda-feira, jogava constantes indiretos á respeito dele, todas direcionadas á mim, claro. Recordo-me de ter ficado extremamente furiosa com tudo aquilo, e o que mais me deixava com raiva era saber que nada daquilo era mentira. Realmente, meu pai era um canalha! Em um dado momento, eu simplesmente não aguentei as provocações, eu fui até ela. Começamos um bate boca, logo haviam vários alunos á nossa volta. Durante muito tempo, Chris havia me ensinado a brigar, provavelmente ele sabia que um dia eu iria precisar- posso apostar que ele pensava em papai. Não pude resistir á tentação, fechei a mão e dei-lhe um soco, tão forte que senti meus dedos doerem. Ela caiu, e ficou no chão, senti uma vontade imensa de pular nela, e repetir o ato várias vezes, seria minha vingança. Mas eu percebi que não estaria me vingando dela, eu estaria me vingando de papai. Na mesma hora, eu parei, e percebi quem era meu pai. Daquele dia em diante eu percebi que nunca haveria uma família feliz, enquanto papai estivesse nela!
Voltei de meus pensamentos, percebi que o café já estava pronto na cafeteira, Alice continuava exatamente como antes. Olhei pela janela, e vi dois policiais. Eles se cumprimentaram, um deles- que já estava ali desde a madrugada- entrou no carro e saiu, e o outro ficou em seu lugar. Encontrei naquele nicho a minha única chance.

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